(1) Eu tinha um companheiro por nome de Ferreirinha
(2) Nóis lidava com boiada desde nóis dois rapaizinho
(3) Fomos busca um boi bravo no campo do espraiadinho
(4) Era vinte e oito quilômetro da cidade de Pardinho

(1) Nóis chegamos no tal campo, cada um seguiu prum lado
(2) Ferreirinha foi num potro redomão muito cismado
(3) Já era de tardezinha, e eu já estava bem cansado
(4) Não encontrava o Ferreirinha nem o tar boi arribado

(1) Naquilo avistei o potro que vinha vindo assustado
(2) Sem arreio e sem ninguém, fui ver o que tinha se dado
(3) Encontrei o Ferreirinha numa restinga deitado
(4) Tinha Caído do potro e andou pro campo arrastado. 

(1) Quando avistei Ferreirinha meu coração se desfez
(2) Eu rolei do meu cavalo com tamanha rapidez
(3) Chamava ele por nome, chamei duas ou três vez
(4) E notei que estava morto pela sua palidez.

(1) Pra deixar meu companheiro é coisa que eu não fazia
(2) Deixar naquele deserto alguma onça comia
(3) Estava ali só eu e ele, Deus em nossa companhia
(4) Veio muitos pensamento só um é que resolvia

(1) Pra levar meu companheiro veja o quanto eu padeci
(2) Amarrei ele pro peito em uma arvore suspendi
(3) Cheguei meu cavalo embaixo, e na garupa desci
(4) E com o cabo do cabresto amarrei ele ni mim 

(1) Saí pra aquelas estrada tão triste tão amolado
(2) Era um frio do mês de junho seu corpo estava gelado
(3) Já era uma meia noite quando eu cheguei no povoado
(4) Deixei na porta da igreja e fui chamar o delegado

(1) A morte desse rapaz mais do que eu ninguém sentiu
(2) Deixei de lidar com gado minha inquinação sumiu
(3) Quando eu lembro essa passagem, franqueza me dá arrepio
(4) Parece que a friagem das costa ainda não saiu